Bastante louvável o esforço do vereador Vinícius Parracho, junto com Bolinha, no sentido de instalar a CPI dos Transportes Públicos. Mas infelizmente, ao menos creio eu, a tal CPI não vai dar em nada. Vão nadar e nadar, e morrer na praia.
E não vai dar em nada por um motivo muito simples: nenhuma empresa de transporte público municipal tem mais interesse de participar de uma possível nova concorrência em Porto Seguro, uma vez que a atividade praticamente se tornou inviável financeiramente com o surgimento do transporte dito alternativo.
O ALTERNATIVO DOMINA O MERCADO
Sim, porque o transporte alternativo, tanto o legalizado como o clandestino, virou moda, desejo e necessidade da população, conforme expus e defendi detalhadamente à então prefeita Cláudia Oliveira quando do início do processo de legalização da atividade.
Afinal, foi ela quem quebrou os paradigmas e iniciou a regulamentação do transporte alternativo. Era a vontade popular, não tinha – e não tem – outra opção. Ou legalizava ou a bagunça seria ainda maior.
Só que a coisa degringolou de um jeito e de uma tal maneira, que hoje qualquer um desenvolve a atividade de transporte, transformando nossas ruas, principalmente no Baianão, um verdadeiro caos, ao pararem em plena via pública para apanhar ou desembarcar passageiros. Até mesmo donas de casa, se acabou o gás ou faltou a carne, muitas pegam o carro na garagem, fazem cinco ou seis corridas e voltam para casa com o seu dinheirinho.
A REALIDADE É UMA SÓ
Essa é uma realidade que ninguém pode fugir. Não há culpados. O transporte alternativo virou um fenômeno social e não tem fiscalização, polícia ou prefeitura que dê jeito. Imaginar ao contrário é sonhar com o impossível.
Então, como uma empresa que possui altos custos de investimentos operacionais, seja com a compra de ônibus, garagem, mecânica, diesel e mão de obra, vai poder oferecer ônibus melhores e mais modernos diante da tamanha concorrência desleal que sofre? Não tem nem como. A conta simplesmente não fecha, motivo pelo qual os ônibus a cada dia que passa se tornam cada vez mais sucatas.
Não adianta. Podem fiscalizar, exigir, multar e abrir a CPI e a concorrência que quiserem. As empresas de ônibus não vão investir mais do que ganham. Melhor fechar as portas do que ter prejuízos. A lei de mercado é esta. Simples assim.
Não por nada, a empresa Brasileiro há pelo menos 15 anos vendeu a sua frota de ônibus urbanos e hoje só se dedica ao transporte intermunicipal ou interestadual. Ônibus que só roda em asfalto, sem quebrar em ruas esburacadas, este sim dá lucro. E muito lucro!